quinta-feira, 12 de agosto de 2010

FLIP 2010


abrindo espaço aqui para minha humana publicar um texto sobre essa tal de FLIP. vai!


A FLIP deste ano estava meio enfadada. É, enfadada. Um fôlego diferente. Esta impressão talvez tenha sido ocasionada pelas muitas mesas que usaram o mesmo sabonete para os banhos literários. Foram pelo menos quatro mesas sobre Gilberto Freyre, homenageado desta edição. Normal, mas cansativo. Falas repetitivas sobre sua escrita, seu trabalho, enfim. Pena que no meio do banho algumas pessoas saíam com a toalha enrolada na cintura e iam comer churros, ou andar sobre as pedras pontiagudas entre as ruelas da bela cidade de Paraty-RJ. Faltou empolgação aos ouvintes ou criatividade nestas mesas, não sei. Os convidados? Excelentes. Poetas? Destaque absoluto para o Ferreira Gullar que fez de sua fala a mais interessante e agradável da FLIP. Salve! Aliás, falta mais poesia na Flip! “A prima pobre da prosa!”, gritava um jovem poeta pelas ruas de Paraty enquanto o Gullar dizia “A arte existe porque a vida não basta! Poesia é susto!”

Algumas mesas foram decepcionantes, norteadas por falas que mais pareciam uma cartilha do “beabá” egocêntrico de escritores como Robert Crumb, símbolo da contracultura nos anos 60, autor de quadrinhos, que se apresentou debochado e desinteressado. Isabel Allende que, pouco afeita à verbalização, respondia ao mediador da mesa com monossílabos: não sei, sim, não, talvez... Mas nem por isso a FLIP foi “menos” do que as edições anteriores.

É preciso destacar aqui algumas mesas que foram realmente fantásticas, tanto pela temática abordada, quanto pelos escritores que delas participaram. A mesa “Albany, Nova York e outras aldeias”, que contou com a participação de Willian Kennedy e Colum McCann debateram sobre a dicotomia entre o microcosmos das cidades e o mundo. A mesa “Nacional e estrangeiro” com Berthold Zilly e Benjamim Moser, foi simplesmente sensacional! Em certa altura, Benjamim Moser, disse que “a idéia negativa do Brasil é um obstáculo que fica muito aquém da realidade brasileira. No exterior, a procura é pela literatura brasileira e não pelo ‘fulano de tal’”. È isso aí. Fiquei com a idéia de que o mundo tem outro interesse pelo Brasil, que não apenas as bundas e o carnaval. É hora de mostrar uma pintura verdadeiramente brasileira! Também destaco a mesa “Fábulas contemporâneas” que falou do imaginário do Brasil em um diálogo confluente, sob a ótica do sertão mítico de Ronaldo Correia; a São Paulo junkie de Reinaldo Morais e a prosa intimista de Beatriz Bracher. Ano que vem, quero tomar novamente este banho de letras e transbordar de cultura! Quem sabe leve o Simão... rss